sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cristianismo movido a “evento”

Alguns dia atrás, conversando com um amigo, ele disse: cara! – este fim de semana serei renovado; Deus irá falar muito comigo! – Logo, repliquei: Onde, quando e, como (também quero!)? – Bom, será num evento anual que temos em nossa igreja. Dificilmente Deus não se manifesta através dos pastores que pregam lá.

Depois da conversa fui embora e continuei pensando na troca de palavras que havíamos feito.

Meditei na minha própria vida e observei quantas vezes fui empolgado para uma pregação para ver um “grande” evangelista ou preletor. Quantas vezes aluguei um DVD de um “lançamento” e corri para casa assistí-lo e vibrar de alegria. Quantas vezes procurei pessoas para me acompanhar em uma vigília na madrugada. Quantas vezes esperei ansiosamente pelo início daquele grande “show”, onde se apresentariam muitas bandas famosas. Quantas vezes curvei minha cabeça na “profunda” oração daquele homem de Deus ou daquela mulher usada pelo Senhor, crendo que o melhor de Deus viria sobre minha vida.

Muita calma nessa hora! A idéia deste texto não é criar aversão, desânimo ou desistência aos eventos, até porque não teria como fazê-lo, porque eu mesmo sou participante de alguns e, convenhamos: amo saltar, brincar, dançar, chorar e cantar na presença do Senhor.
O objetivo deste é fazer com que juntos, possamos analisar o cristianismo que temos vivido.

Será que somos cristãos movidos a eventos? Será que necessitamos sempre de algo “novo” para sermos restaurados ou renovados? Será que minha vida só é impulsionada, de forma clara e real, quando recebo “aquela” profecia ou quando sinto “aquele” arrepio nas costas? É possível que Deus só se revele a mim através de pessoas e, assim, passo a viver um evangelho terceirizado? Não estaria fácil e cômodo demais viver um evangelho pela busca e testemunho do próximo?

Sabe, não queremos mais o evangelho da cruz, do quarto, das aflições e das ações. Não queremos mais o evangelho que doa-se pelo próximo, da oração, do jejum e de intercessão por vidas; Não queremos mais doar o que é nosso; Não queremos mais chorar com os que choram; Não queremos mais sofrer com os que sofrem. Não queremos mais viver um evangelho que não nos dê algo em troca de forma visível; Não queremos mais abraçar os pobres, aflitos, excluídos e embriagados. Não queremos mais dizer: levanta-te e anda! – aos paralíticos. Não queremos mais dizer ao cego: veja! Não queremos mais ser “bússola” aos que se perderam pelo caminho. Não queremos mais…

O que acho interessante nisso tudo é que não precisamos de nada além de Jesus. Não precisamos de nada mais do que a sua terna e doce presença. Não precisamos mais do que suas confiáveis palavras.

Ele mesmo, pela sua misericórdia e amor nos diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve.

Não quero viver um evangelho “pronto” que me custe apenas um ingresso.
Quero viver o evangelho, derramando meu querer e minha vida no altar do Senhor e, quando estiver aflito, angustiado ou entristecido, eu reconheça, que só nEle, encontro força, refúgio e vida abundante.

Fonte: www.viverepensar.wordpress.com