segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Música do Mundo: Breaking all the Rules

Quando nos convertemos há uma grande discussão acerca do fato de ouvir música secular (do mundo). Há os que entendem que é pecado, outros dizem que não há nada demais, outros com imparcialidade devolvem a questão com o ensinamento paulino: “Tudo me é lícito mas nem tudo me convém”. (I Cor. 6:2).

Lembro da época da minha conversão há uns anos atrás, do quanto o povo falava que música do mundo era do diabo e assim motivavam os novos a partirem em mil pedaços os seus discos e fitas para em seguida jogar no lixo (isso para não correr o risco de outros ouvirem também). Lembro de ter destruído e desenrolado muitas fitas antes de jogar fora, quanto trabalho! (rs). Dias depois algum catador havia espalhado todo aquele lixo na frente do prédio e cada vez que eu me deparava com aquilo sentia vergonha, passava pela minha mente a idéia de um “crente” maluco que se converteu e virou fanático. Hoje, creio que essa sensação já era o Espírito Santo tentando me convencer da insanidade!

Antes da conversão eu havia passado por vários momentos musicais, já fui de tudo um pouco: na infância cantava “não se vá” da Jane e Erondi, “senta aqui” do Fábio Jr e “Detalhes” do Roberto Carlos (rs), na adolescência fui fã do grupo de rock KISS, do Nazareth, Peter Frampton, depois Deep Purple, Rolling Stones, Pink Floyd, The Pretender, Nina Hagen, Bob Dylan, Rod Stewart, Erick Clapton, Gênesis, Van Halen, Alice Cooper...só maluco! Mais tarde, ao traduzir as músicas do KISS descobri que algumas letras falavam mal da mulher, se referiam a elas como p...! Foi aí que parei de ouvir. O KISS foi sem dúvida, a banda mais marcante pra mim, tinha quase todos os lps e vivia desenhando os mascarados. Depois veio a época das baladas românticas dos Bee Gees, Lionel Richie, Madonna, Michael Jackson e tantos outros. Gosto de falar que minha vida teve trilha sonora, em cada momento, uma canção. Quanta lembrança! Tenho saudade, é pecado?

Sempre fui uma pessoa com alma musical. Talvez o sangue musical estivesse na veia, meu avô era músico de banda e tocava vários instrumentos, meu irmão tocava, meu pai também. Acabei seguindo a tradição de músico, era um dom. Toquei por muitos anos na igreja católica, fazia parte do movimento Emaús, naquela época não havia estrelismo, a gente cantava no coro, aquela parte atrás da igreja onde ninguém nos via. Participei de festivais sacros e tive uma música classificada, a qual mais tarde cedi os direitos autorais. Tenho saudade, é pecado??

E agora José? O que vamos fazer com as lembranças, os sentimentos, os gostos, os estilos? Deletar e jogar na lixeira?? Uma coisa engraçada que me acontecia depois de crente, era o fato de cada vez que entrava num restaurante ou ia a uma festa de casamento onde tocava música do mundo, meu pezinho se manifestava embaixo da mesa acompanhando o ritmo. Era inevitável. Já viu por aí uns crentes radicais fazendo isso?? Não?? Então comece a prestar atenção. Dos antigos quem não ouvia Elvis Presley, Frank Sinatra, The Platters, Ray Charles, Glenn Miller?? Eram todos do diabo?

Para terminar deixo um questionamento. Você crente, que não ouve música do mundo acaso está comendo comida do mundo? Está vestindo roupas do mundo? Estudando em escola do mundo? Está comprando revista do mundo?? Trabalhando em empresas do mundo? Dando nome do mundo a seus filhos?? Já que você não concorda que os crentes ouçam música do mundo, deveria comer somente em restaurante de crentes, comprar roupas confeccionadas por crentes e colocar nomes bíblicos em seus filhos. E quando está fazendo amor com sua esposa está ouvindo “Glória, glória aleluia” ? Quanta loucura e hipocrisia!

Outra coisa: do jeito que a música gospel anda muitas vezes a música secular acaba sendo uma ótima opção. Em pensar que antes ouvíamos hinos que exaltavam o nome de Deus e íamos a louvorzão na igreja, agora grande parte dos cantores de música gospel canta reivindicando bênçãos de Deus, colocando-o contra a parede num tom de exigência, como se Deus não soubesse o que é melhor para nós: “eu quero de volta o que é meu”. É tanta podridão que chegou ao nível de funk gospel, axé gospel e outras atrocidades. Música secular é feita com o propósito de vender e a música gospel não?
Se a música gospel servisse para edificação do cristão ou para exaltar o nome de Deus os músicos certamente não precisariam cobrar cachês de até R$ 40.000,00 ou vender CDS por R$ 35,00.

Prefiro ficar com a advertência de Paulo: “Tudo me é lícito mas nem tudo me convém”. Certíssimo! Algumas vezes você terá bom senso e não cantará músicas que façam apologia a violência, pornografia, drogas, ateísmo. Nem precisa ser crente para chegar a essa conclusão. Em meio há tanta futilidade gospel até a música tema do Barney acaba sendo mais edificante: “amo você, você me ama, somos uma família feliz...”

Fonte: Libertos do Opressor

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