segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A minha igreja entrou no reteté!!!


Por Ricardo Mamedes


Sou batista histórico e tradicional, e como todos sabem, esses tais costumavam afirmar categoricamente seguir a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, zelando pela sã doutrina e sem se deixar "contaminar" por ventos, ou comichão nos ouvidos. Pois é, era assim...

Eu, e a Igreja aonde congrego, bem fixada, bem enraizada no Evangelho, sempre sóbria, prezando o culto racional (aquele de Paulo), nos sentíamos bem estabelecidos, bem resolvidos, completamente acertados com relação à liturgia. É bem verdade que a ordem do culto já não era aquela de outrora, podendo se dizer que aglutinaram-se novos costumes em razão do próprio dinamismo que a tudo rege. Afinal, tudo muda, essa é a tônica da vida. E nem sempre a mudança significa o aniquilamento do que antes havia, uma vez que é possível aprimorar-se algo, mesmo que seja a liturgia. O fato é que o culto se tornou muito mais movimentado: palmas, aleluias, glórias a Deus, "louvor" moderno, etc. Até aí tudo bem, pois ainda é possível afirmar que "tudo está sendo feito com ordem e decência".

É estranho como as heresias vão chegando sutilmente, como que apalpando o terreno, sondando... O heresiarca é hábil, manipulador, persuasivo. Ele diz, mas sem dizer realmente. Ele nega, sem de fato negar, mas deturpa a verdade, porque tira-lhe a essência. E é assim que o processo de desconstrução da verdade se consuma: muda-se a verdade dos evangelhos. A criatura passa a ser a "bola da vez".

Não se pense que o instrumento da heresia, o seu implantador, venha negando Jesus com palavras claras, ou que elimine a Pessoa de Deus. Não. Ele apenas suga a fé verdadeira das pessoas, tornando-as mortas.

Assim é na "minha" igreja. O assassinato da fé está ocorrendo com a implantação da teologia da prosperidade. O pregador promete a cada semana que "hoje será o dia da sua vitória" (ela vem? ) , insuflando nos incautos fiéis a ganância e a avareza. Ensinando-lhes - habilmente - que a vitória, seja qual for, vem por seu intermédio.

Esse processo de desconstrução da fé genuína caminha a passos largos. O triunfalismo impera. Prega-se o "eu posso vencer", através de frases empacotadas trazidas prontinhas para que as pessoas repitam. É o mesmo processo da autoajuda. Ensina-se que o homem se basta, anulando-se a figura de Cristo. Mas as pessoas, em sua grande maioria não vêem, pois elas estão cegas pela boa fé.

No mesmo pacote o heresiarca traz também os rituais - um deles é essa vã repetição a que fiz alusão. Outro, talvez o mais importante, seja a "quebra de maldições": nas pessoas, na igreja, nos objetos, no prédio, etc... Mais um vez vemos Cristo sepultado, o seu sacrifício anulado. O homem toma o lugar do Cordeiro. Dele vem o remédio para todos os males: do corpo da alma, da mente.

O homem cura, faz revelações... e a revelação única e verdadeira fica em segundo plano, pois as pessoas querem saber dele o que "Deus está dizendo". Então ele responde: "Deus está me dizendo que..."

Unções... muitas unções. De todos os tipos e gostos. O heresiarca, à maneira de um pequeno deus, distribui unções para todos. Quase como se dissesse: - "ninguém ficará sem unção, não se acotovelem!"

E tudo culmina, no final, com o reteté. Pessoas levadas ao transe, uns chorando, outros gritando em "estranhas línguas"; grunhidos. Muitos caindo, ao serem "ministrados" pelo ungido. Calma, eles estão caindo na unção...

Eu decididamente não quero essa unção. Rejeito a unção, dispenso o reteté; quero me manter na vertical, prefiro falar o meu idioma, uma língua inteligível.

Não preciso da unção de homem algum, pois tenho a unção de Cristo. Ele habita em mim desde o dia em que eu o aceitei, reconhecendo o seu sacrifício na cruz como propiciação pelos meus pecados, a sua filiação divina, a ressurreição ao terceiro dia e a sua ascensão aos céus.

Definitivamente não creio nessa batalha espiritual de caça aos demônios, pois não é esse o objetivo da Igreja de Cristo, mas pregar o seu " IDE". Afasto peremptoriamente a possibilidade de um crente ser possuído por demônios, pois acredito em um Deus Todo Poderoso: as trevas não coabitam com a luz. A unção adquirida com a conversão expulsa essas entidades malignas. Deus ampara. Não fosse assim, Deus seria fraco, logo, não seria Deus.

Esses, os tais, pregam um Deus que necessita da sua "ajuda". Um Deus claudicante. E eles veem anjos, determinam aos anjos em suas "sessões" para "cirurgiarem" as pessoas (sei lá o que isso significa). Eles bradam: - "enfia a epada anjo, enfia a espada!".

Eles sabem exatamente o momento em que o espírito santo desce sobre o povo: - É agora, ele está chegando! Sintam! Fechem os olhos! E a música ao fundo, sempre se repetindo, os mesmos acordes, a mesma canção...

O ungido se torna necessário, insubstituível, ele tem que orar por muitos. Ao término, a fila se forma - eles querem a SUA oração. Ele agora se transmudou em INTERMEDIÁRIO do Criador.

Não, eu não quero, pois já tenho um intermediário. Não preciso de santos ocos. Convém que eu diminua...

Sim, essa é uma IGREJA BATISTA TRADICIONAL, HISTÓRICA, podem acreditar.

Oooopa! Se alguém ficou sem unção, calma, pois terça feira tem mais...

(Que o Senhor Todo Poderoso tenha misericórdia da Sua Igreja)


Fonte: A verdade liberta, o erro condena

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