sábado, 16 de janeiro de 2010

A Igreja e a Pós-modernidade


Por Pr Fernando Henrique Cavancanti


“...Hipócritas, sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu e, entretanto, não sabeis discernir esta época?” (Lc 12.54-56)

Hoje em dia, muitos vivem suas vidas como os romanos viviam em seu tempo ao qual Paulo dirigiu a sua carta. “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos!”.

Que geração é esta que nós estamos vivendo? O que esta geração tem como meta?

Vivemos num mundo pós-moderno, muito embora não possamos definir muito bem onde começou a pós modernidade. Os historiadores dizem que começou com a queda do muro de Berlim. Já os arquitetos, que iniciou com as novas construções realizadas em 1910, na Europa. No Brasil, temos nosso avanço com Oscar Niemayer.

Vivemos numa época em que conseguimos distinguir o nível econômico e socio-cultural de um bairro pela sua arquitetura, pelo seu design. Distinguimos seus problema sociais e a necessidade de cada bairro. Vivemos numa época em que distinguimos estes sinais muito bem.

Hoje não encontramos uma estrutura padrão com qual nos deparemos e digamos: “isto é uma igreja!”. Cada igreja, dentro de sua própria denominação, cresce de forma não definida.Vivemos numa época em que as pessoas são discriminadas pelos bairros em que moram (bairros de periferia e elite). A Pós-modernidade vem para marginalizar tudo aquilo que a Bíblia prega. Quando Paulo escreve a Igreja em Roma, há toda uma Atmosfera envolvendo o nosso entendimento.

A vida em Roma naquela época era como se estivéssemos vivendo, hoje, nos nossos dias pós-modernos. Impostos caros, ..., Roma só pensava em comer e beber. Roma só pensava em prazer, assim como hoje. Quando convidamos pessoa para virem à Igreja, elas não vêm, mas se convidarmos para um shooping, para um churrasco, ou um passeio elas vêm. Roma só pensava em satisfação de desejos, assim como a sociedade em que vivemos hoje. Roma oferece prazeres que o homem, geralmente, não pode pagar. Deixamos de comprar pela necessidade e passamos a comprar para satisfazer o desejo do nosso coração.

Nosso Culto é racional, como podemos ver em Rm 12, contudo, Roma despreza tudo que é racional. Roma necessitava de prazeres visuais para assimilação de idéias e mensagens. Em nossos dias, as pessoas desejam receber conhecimento de forma fácil, através da exposição visual (filmes, novelas, uso da imagem em geral), caso contrário não há assimilação de conteúdo.

Vivemos numa época de modismos, emoção no local da razão, conforme vemos o que é pregado pelas igrejas: “receba a unção, sinta a unção”.Essa não era a mensagem de Paulo. Ele dizia: “Nós não andamos por vista, andamos por fé”, não andamos pelo que sentimos, andamos pelo que cremos. Não podemos viver no campo das emoções. Vivamos de forma racional. Roma prega a alienação. Vivemos alienados em nossa própria sociedade. Alheios a tudo que ocorre ao nosso redor.

Uma das marcas da pós-modernidade é o individualismo. As pessoas vão a igreja para buscar sua benção. Entram e saem sem serem vistas ou notadas. Não se preocupam com comunhão, antes, desejam não serem vistas.Tais pessoas não sabem que a palavra Igreja vem da palavra grega Eklesia que quer dizer ajuntamento de pessoas.
Com a pós-modernidade, surge a palavra cidadania que valoriza o indivíduo.Valorizam o indivíduo. Este não precisa mais de Igreja, pois pratica um CULTO PESSOAL através da TV, e têm um PASTOR VIRTUAL. Não existe Pastor Virtual, e também, não há Igreja de um homem só. Quando olhamos para o Velho Testamento, a Shekinah de Deus somente se derramava no templo de Deus, através do ajuntamento de pessoas.

Subsistimos num tempo completamente individualista, onde a satisfação dos prazeres vem em primeiro lugar. Por isso, quando a Igreja tenta reunir seus membros; somente o consegue através de promoção de churrasco e passeios. Apenas reunir-se para estudar a palavra numa EBD, não é o suficiente para os novos cristãos. Roma sempre valorizou o amor “eros”, carnal e individualista, como vemos hoje. Os jovens ‘ficam’, e não sabem nem com quem ‘ficaram’. Deus sempre pregou o amor ‘Ágape’, o ‘Storge’ e a ‘Amizade’ mas Roma foca um amor completamente distorcido.Coexistimos num tempo em que as coisas eram para ontem. Não há mais tempo para comunhão.Vivemos numa sociedade edonista na qual Cristo disse que iria preceder a sua volta. Lc 17.“...Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento” Lc 17.20. Significado da Expressão original, “davam-se a TODO tipo de relacionamento”.

Praticamos um amor superficial, onde não há relacionamento. Nossa sociedade é extremamente consumista (Rm 13.8). O apelo ao consumismo está expresso na fila dos caixas dos supermercados, nos produtos a vista para comprar, num controle remoto de uma TV a cabo, com o qual, hoje, podemos comprar qualquer produto. Vivemos numa sociedade que vê o material como suprimento das necessidades espirituais. Os relacionamentos conjugais estão desestruturados devido a perda dos valores cristãos e a falta de tempo do casal. Fazemos parte desta sociedade que prega os valores cristãos de forma desvirtuada.O evangelho da prosperidade prega que o homem tem que ser ricamente abençoado aqui. Mais uma vez, isso não foi o que Paulo pregou, ele afirmava que “...se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens...” (1 Co 15.19). O Pós-modernismo é caracterizado por um radicalismo extremo, onde se despreza a razão, e ninguém se aprofunda verdadeiramente em conhecer a palavra. Não podemos agir assim!

Devemos ser imparciais nas coisas essenciais, e nas coisas dispensáveis, moderados.

----