sexta-feira, 21 de maio de 2010

Charge de Maomé irrita muçulmanos na África do Sul às vésperas do início da Copa do Mundo

A publicação de uma charge do profeta Maomé em um jornal da África do Sul detonou uma ação judicial e despertou reações de muçulmanos, semanas antes do início da Copa do Mundo no país. A Justiça rejeitou um pedido da organização islâmica Jamiatul Ulama para que o "Mail & Guardian" fosse proibido de publicar o trabalho do popular chargista sul-africano Zapiro. No desenho, Maomé aparece sentado em um divã, reclamando que seus seguidores não têm senso de humor.

- Parece provocativo, de muitas formas, às vésperas da Copa do Mundo na África do Sul, quando precisamos de coexistência pacífica e cooperação entre comunidades religiosas - disse sobre a charge Ihsaan Hendricks, presidente do Conselho Judicial Muçulmano, outra organização islâmica que vai se reunir para discutir a publicação do desenho.

- O M&G precisava entender que ofender a comunidade muçulmana da África do Sul é ofender a comunidade muçulmana internacional.

Os muçulmanos consideram qualquer representação de Maomé uma ofensa. Nesta semana, o paquistão bloqueou o acesso ao facebook e, um dia depois, ao youtube, em resposta a uma campanha pela criação de caricaturas do profeta. Chamado "O dia em que todos desenham Maomé", o movimento se espalhou pela internet.

Na charge publicada na África do Sul, Maomé aparece falando "Outros profetas têm seguidores com senso de humor", ao lado de um jornal onde se lê a manchete "Todo mundo desenhando no Dia de Maomé". O autor diz que sua intenção não era ofender a comunidade islâmica.

"Creio que todas as religiões deveriam estar sujeitas à sátira e que alguns grupos religiosos não têm motivos para pensar que estão acima da sociedade", disse Zapiro ao portal de notícias sul-africano IOL. "Simplesmente queria fazer pensar: o profeta está triste porque seus seguidores, fanáticos e sensíveis, não têm senso de humor".

Cerca de 80% dos sul-africanos são cristãos. Apenas 1,5% da população é muçulmano. O país não costuma ser palco de episódios de violência religiosa.

Fonte: O Globo
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