terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Deus pode todas as coisas", afirma esposa de Silvio Santos

Parecia lançamento de best-seller. Quase cem jornalistas acompanharam a entrevista coletiva de Iris Abravanel, mulher de Silvio Santos, sobre o seu livro “Recados Disfarçados”, na livraria Fnac, em Pinheiros, nesta terça-feira.

Iris Abravanel diz:“Eu creio em Deus para todas as coisas.”

A obra reúne 78 crônicas escritas pela autora entre 1992 e 1995 para a revista “Contigo”. Mas os apelos da assessora de imprensa do SBT, pedindo que os jornalistas “respeitassem este momento e entendessem que o foco é o livro”, foram em vão.

Outro jornalista insitira em arrancar da autora, que é evangélica, se ela acreditava que Deus tiraria a empresa dos problemas financeiros.

“Eu creio em Deus para todas as coisas.”

Ela seguiu o script de dar respostas evasivas e educadas até quando lhe perguntaram se ela se sentia traída por seus familiares Rafael Palladino, que administrava o banco, é seu primo.

“Olho para a frente sempre. Nem cabe a pergunta.”

O jornalista não desistiu. “Olhar para a frente é pagar as contas em dez anos?”

Iris: “Não, isso não é comigo. Olha que só com o livro não vai dar”.

Até que alguém conseguiu cansar a sua beleza ao questioná-la se abriria mão do seu salário no SBT, como autora de novelas, para ajudar no pagamento da dívida.

“Tadinha de mim, nem vou responder a essa pergunta porque ela é tão… Nem dá para responder.” Era hora de encerrar a entrevista.

Silvio Santos demitirá 40 parentes do grupo para reduzir nepotismo.

O escândalo bilionário que resultou na queda do império construído por Silvio Santos nos últimos 50 anos vai provocar a demissão de pelo menos 40 parentes do empresário e de sua mulher dentro do grupo. O “home do baú” tomou a decisão de por fim ao “nepotismo” na última sexta-feira, em reunião com advogados. A equipe teria concluído que a presença de parentes em altos cargos de direção foi o principal motivo para que a fraude ocorresse. A única empresa do grupo que deve escapar do corte deve ser o SBT.

Na emissora trabalham hoje, entre outros, em cargos de direção, um sobrinho de Silvio Santos, Guilherme Stoliar, e seu primo Leon Abravanel. Ambos têm sido ouvidos pelo empresário e acompanhado as investigações.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a revolta maior com o escândalo de R$ 2,5 bilhões, tem sido das filhas e da mulher de Silvio Santos, Íris Abravanel.

A mais ressentida é uma das filhas do empresário, Patrícia (sequestrada em agosto de 2001), que chegou a trabalhar diretamente com Rafael Palladino, então superintendente do banco.

Silvio Santos terá reuniões com diretores, gerentes e artistas do elenco do SBT ao longo da semana para discutir a situação do grupo. O objetivo dos encontros é acalmar os funcionários, temerosos com os desdobramentos do escândalo.

O Grupo Silvio Santos decidiu processar nas esferas cível e criminal os ex-diretores-executivos do PanAmericano e também a Deloitte, empresa de auditoria externa contratada para fazer a revisão das demonstrações financeiras do banco. Principal acionista da instituição, o empresário teve de dar como garantia todas as suas empresas para obter R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo.

O Banco Central descobriu que o PanAmericano vendeu carteiras de crédito para outras instituições, mas continuou contabilizando no balanço. Para honrar o empréstimo, Silvio Santos terá de vender várias empresas do grupo. A primeira delas será o próprio banco. O empresário também deve vender horário na madrugada do SBT para igrejas evangélicas.

Na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado vai promover audiência pública para esclarecer a crise. Foram convidados o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, e representantes das empresas de auditoria Deloitte Touche Tohmatsu Brasil e KPMG no Brasil.


Fonte: Folha
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