sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Morre lentamente

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos;
quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova
e não fala com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.
Morre lentamente quem, não sendo casado, evita um grande amor;
quem prefere os pingos nos ís a um redemoinho de emoções,
exatamente a que resgata o brilho nos olhos,
o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.
Morre lentamente quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida,
ouvir conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja,
não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se
da sua má sorte, ouda chuva incessante.
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem abandona um projeto
antes de iniciá-lo,nunca pergunta sobre um assunto
que desconhece e nem responde
quando lhe perguntam sobre algo que sabe.


Autor: Pablo Neruda
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