sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Mundo mal, mundo vil

Mundo mal, mundo vil,
mundo indecente,
Para que sorrir? Para que esperar?
Para que estar contente?
Que esperança há em ti, mundo imundo,
carregado de iniquidade?
Só há desconfiança na confiança que se frustra.
Por que buscar alegria numa bondade mentirosa,
numa fonte que maquina o mal?
Não há esperança, não há amor.
E por mais que eu tente achar no tal,
Decepciono-me por buscar água límpida
na fonte estagnada, imoral.
Meus olhos devem te contemplar, oh Deus!
Dos olhos da maldade que olham
a grandeza de um olhar de amor.
Não perder tempo e ter tempo para te contemplar.
Sim, minha esperança é o Senhor, soberano Senhor,
Que de um enraizado faz um peregrino,
andarilho para a glória.
Sim, minha esperança é o Senhor, soberano Senhor,
Que de um destruído faz um construtor, pessoa sóbria.
Dos ruídos na perdição, que ruem ao som da morte,
Posso clamar pela esperança
sob o som triunfante do Deus vivificante.
Com o que se alegrar?
Não com o efêmero abjeto, mas com o eterno sublime.
Não devo odiar aqueles que falham comigo, não há surpresas,
Não devo esperar por este mundo aborrecível, não há surpresas,
Somente o Senhor é o motivo da minha alegria, não há surpresas.
Miserável é aquele que tenta poetizar onde não há inspiração,
Maldito o que confia na ruína,
desgraçado o que espera nas surpresas.
Bendito é o Senhor, única fonte da poesia, cacimba da prosa.
Somente o Senhor, amoroso Senhor, meu escolhedor.
Como bradar? Sim, há o que bradar,
não desabafando, mas acertando:
Mundo mal, mundo vil, mundo indecente,
de ti saí, dissabor que não me instiga.
Deus bondoso, Deus precioso, Deus justo,
de mim te achegaste, amor que me inspira.


Autor: Alfredo de Souza
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