sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pesquisa americana revela que exercício físico chamado ‘coregasmo’ pode levar mulheres ao orgasmo sem ato sexual

No primeiro estudo do gênero, pesquisadores da Universidade de Indiana revelaram que exercício — sem relação sexual ou fantasias agregadas — pode levar ao orgasmo feminino: é o “coregasmo”, nomenclatura usada em alguns blogs e revistas. Se, do ponto de vista da ciência, esta é uma novidade, relatos deste fenômeno vêm ganhando a mídia há anos, diz Debby Herbenick, codiretora do Centro para Promoção da Saúde Sexual da Escola de Saúde, Educação Física e Recreação da Universidade de Indiana. As descobertas foram publicadas numa edição especial da “Sexual and Relationship Therapy”, uma publicação conceituada nas áreas de terapia e saúde sexual.

— Os exercícios mais comumente associados ao orgasmo induzido pelo exercício foram os abdominais, a escalada em paredes adaptadas ou cordas, o spinning e o levantamento de peso. Estes dados são importantes porque sugerem que o orgasmo não é necessariamente um evento sexual. E eles também podem nos ensinar mais sobre os processos corporais subjacentes às experiências de orgasmo da mulher — conta Debby, que conduziu o estudo ao lado de J. Dennis Fortenberry, professor da Escola de Medicina da Universidade de Indiana.

O fenômeno é chamado de “coregasmo” por sua associação aos exercícios que visam aos músculos core, 29 pares que incluem os oblíquos (interno e externo), o transverso do abdômen, os glúteos, o quadrado lombar e os do assoalho pélvico.

Os resultados foram baseados em pesquisas on-line feitas com 124 mulheres que reportaram terem passado pela experiência de orgasmo induzido pelo exercício (EIO, na sigla em inglês) e 246 que tiveram orgasmo em decorrência de relação sexual (EISP).

As participantes tinham entre 18 e 63 anos. A maioria estava mantendo um relacionamento ou era casada, e 69% se declararam heterossexuais.
Eis alguns resultados da pesquisa:

— Cerca de 40% das mulheres tiveram orgasmo mais de dez vezes, independentemente do que o provocou.

— A maior parte das mulheres do grupo EIO relatou ter algum grau de consciência quando se exercitava em público, enquanto 20% disseram que não podiam controlar sua experiência.

— A maioria das mulheres que tiveram EIOs disseram que não estavam cultivando fantasias sexuais ou pensando em alguém atraente durante a experiência.

— Diversos tipos de exercícios físicos foram associados a ambos os tipos de orgasmo. No grupo EIO, 51,4% relataram ter experimentado um orgasmo associado a exercícios abdominais nos últimos 90 dias. Outras relataram a experiência do orgasmo em conexão com exercícios como levantamento de peso (26,5%), ioga (20%), bicicleta (15,8%), corrida (13,2%) e caminhada (9,6%).

— Nas respostas em aberto, os exercícios abdominais foram particularmente associados com o exercício “cadeira do capitão”, que consiste num suporte com descansos acolchoados para os braços e apoio para as costas que permite deixar as pernas penduradas livremente. O objetivo é levantar os joelhos repetidamente, em direção ao peito, ou fazendo um ângulo de 90 graus com o corpo.

Debby Herbenick explica que o mecanismo por trás do orgasmo induzido pelo exercício, bem como do orgasmo resultante de relação sexual, não estão claros, e revela, que, numa futura pesquisa, espera aprender mais sobre o que desencadeia cada um deles. Também de acordo com ela, ainda não se sabe se os exercícios mencionados na pesquisa podem também melhorar as experiências sexuais das mulheres.

— Pode ser que o exercício, que, como já se sabe, traz tantos benefícios para a saúde e o bem-estar, tenha também o potencial de melhorar a vida sexual das mulheres — diz.
O estudo não determinou o quão comum é para as mulheres terem os dois tipos de orgasmo. Mas os autores ressaltaram que bastaram cinco semanas para recrutar as 370 participantes da pesquisa, sugerindo que o fenômeno não é raro.

— Revistas e blogs têm mostrado casos sobre o que às vezes eles chamam de “coregasmos” — disse Debby. — Mas esta é uma área da pesquisa relacionada à saúde sexual da mulher que tem sido largamente ignorada nas útimas seis décadas.



Fonte: O Globo
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