terça-feira, 18 de junho de 2013

Evangélicos buscam adotar crianças estrangeiras, mas encontram armadilhas no exterior

O pastor Brian Hopkins e sua mulher, Danna, com seus oito filhos, quatro deles foram adotados na Etiópia

Os Estados Unidos estão presenciando o crescimento rápido de um movimento cristão que promove a adoção como um chamado religioso e moral – algo que os teólogos evangélicos defendem que todo cristão capaz deveria considerar. Fazem parte desse movimento Danna Hopkins e seu marido, Brian, pastor de uma igreja evangélica. O casal, que já tinha quatro filhos naturais, adotou quatro crianças e tem, em andamento, mais um processo de adoção para adotar outras quatro irmãs da Etiópia, que perderam os pais para a malária e o tifo.

Os defensores dessa prática afirmam que uma onda de adoções, por parte dos cristãos, deu esperança e vidas de classe média a milhares de crianças órfãs ou abandonadas do exterior e, cada vez mais, a crianças adotivas nos EUA também. Centenas de igrejas já estabeleceram seus “ministérios dos órfãos”, que enviam ajuda para o exterior e auxiliam pais em potencial a levantar os milhares de dólares necessários para o processo da adoção.

O momento também reavivou um debate sobre práticas éticas em adoções de crianças estrangeiras, com acusações de que alguns pais e igrejas, em seu entusiasmo, já entraram inocentemente em um campo cheio de armadilhas, especialmente em países suscetíveis à corrupção. Essas armadilhas incluem o risco de documentos falsificados para crianças que têm pais capazes de cuidar delas, intermediários obscuros, suborno de policiais e até a vontade de pais pobres de mandar suas crianças para uma terra prometida sem o devido entendimento da permanência da adoção.

Mahlea Hopkins (E) e sua irmã, Kenzie (D), em reunião na igreja

Em março, o Departamento de Estado dos EUA liberou um alerta sobre o Congo. A nota advertia que muitas crianças cujas adoções já haviam sido aprovadas pelo governo congolês haviam sido “retiradas de orfanatos por um pai ou parente”, indicando que aquelas crianças nunca haviam sido órfãs elegíveis para a adoção norte-americana.

A embaixada dos EUA em Kinshasa declarou, neste mês, que aumentou suas investigações de adoções, resultando em atrasos de até seis meses. Os Hopkins, agora, estão ansiosos, esperando a embaixada conceder vistos de imigrante para as quatro meninas que já são, legalmente, suas filhas.

Pais se preocupam com filhas ainda no Congo

Bozeman.Realizada corretamente, uma adoção pode parecer o famoso sinal divino. Silas Hopkins, agora com 18 anos, chegou em Montana da Etiópia depois de ter sido abandonado para engraxar sapatos nas ruas.

Quando viu Brian Hopkins – que estava em uma missão da igreja – pela primeira vez por uma janela em um orfanato na Etiópia, ele disse a um amigo: “cara, aquele ali é o meu pai”. O sentimento foi mútuo. Quatro anos depois, Silas está indo bem na escola e conta esperar um dia voltar à Etiópia “e fazer algo legal”, como ajudar crianças a encontrarem escolas e trabalhos.

Brian e Danna Hopkins sorriem, porém, estão preocupados com as quatro meninas congolesas que já adotaram, mas ainda não puderam levar para casa. No fim de semana passado, eles viajaram para o Congo para pressionar que os oficiais de Kinshasa investiguem suas filhas o mais rápido possível.



Fonte: O Tempo
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