sábado, 22 de junho de 2013

“Não vá à igreja”?

Outro dia vi uma placa que chamou minha atenção – e me preocupou profundamente. Dizia assim:

“Não vá à igreja. Seja a igreja.”

Agora, apesar do elemento de verdade na frase (o povo de Deus é a igreja), esta declaração está cheia de erros. Mas por trás das palavras obviamente há o desapontamento (e possivelmente desilusão) de alguém com o Cristianismo instituído. E apesar de eu achar que muitos cristãos rejeitariam esta escolha errada, a atitude deles em relação aos encontros de domingo da igreja pode revelar uma apatia parecida.

Para lutar contra esta apatia, nós precisamos de uma perspectiva bíblica sobre o que está acontecendo no domingo – uma perspectiva que possa transformar nossa atitude sobre “ir à igreja”. E é esta perspectiva que o escritor aos Hebreus nos dá quando ele descreve culto contínuo em que nós participamos quando nos reunimos para adorar a cada domingo.

Monte Sinai e Monte Sião

Em Hebreus [capítulo 12] o escritor apresenta um contraste impressionante entre o Monte Sinai e o Monte Sião, entre a experiência do povo de Deus sob a antiga aliança e a experiência deles sob a nova aliança.

Nos versos 18 a 21 o autor reconta a reunião no Monte Sinai (como resgistrado em Êxodo 19). Depois de serem retirados do Egito, Deus reuniu seu povo e fez um pacto com eles. Ele os constituiu como uma nação, o seu próprio povo.

“Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!”

Agora olhem para a reunião no Monte Sião, descrita nos versos 22-24:

“Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.”

Que contraste.

No Monte Sinai, tudo servia para enfatizar o abismo entre Deus e Seu povo. No Monte Sião, tudo nos encoraja a entrarmos com ousadia na presença de Deus. Lá no Monte Sinai, a própria cena é aterradora: fogo, trevas, escuridão. Aqui no Monte Sião está uma cidade reluzente, a Nova Jerusalém, o lugar onde Deus habita com o seu povo da aliança.

No Monte Sinai, os sons são aterrorizantes: tempestade, clangor da trombeta, palavras inefáveis. No Monte Sião está o som de um louvor exuberante e comemorativo.

No Monte Sinai hava uma reunião solene cheia de medo. Aqui no Monte Sião está uma alegre assembléia daqueles cujos nomes estão escritos para sempre no Livro da Vida do Cordeiro.

Lá no Monte Sinai havia uma imagem da inacessibilidade da presença santa de Deus. Mas aqui no Monte Sião há uma imagem de completo acesso à presença de Deus por meio de Jesus Cristo, o mediador.

Agora pense na sua igreja. Pense nas pessoas com quem você serve, vive e louva. Você esqueceu completamente o que a sua igreja é e o que ela faz aos domingos? Sua igreja local é uma manifestação visível e autêntica de todo o povo de Deus, de todas as épocas. Ela é parte da multidão celestial que nesse momento está adorando diante do trono de Deus. E nós queremos ser parte disso!

Pense a respeito desta reunião, considerando o seguinte:

Anjos. Nós estamos adorando com criaturas diante das quais seríamos tentados a nos curvarmos em terror e adoração, se pudéssemos vê-las.

Os espíritos dos justos-aperfeiçoados. Aqui estão os heróis de Hebreus 11 – Abraão, Moisés, Samuel e Davi – poderosos homens de Deus, poderosos profetas que confiaram em Deus, tão revestidos de poder que eles fecharam as bocas de leões e colocaram exércitos inimigos em fuga. Estamos adorando com eles.

Santos fiéis. Estes homens e mulheres que suportaram a tortura e se recusaram a serem libertos se isso comprometesse a confissão de fé deles. Eles escolheram o apedrejamento ou a decapitação quando eles poderiam ter negado Jesus. E se eles sobreviveram, alegremente abraçaram a pobreza, a privação e a perseguição. Eles temiam a Deus e tinham mais medo do pecado do que dos homens – tudo isso para que pudessem receber algo melhor. E quando nós adoramos, nos unimos a eles diante do trono de Deus, que continua a ser “um fogo consumidor” (verso 29).

Nós vamos a Jesus. Ele está lá, nosso mediador, que aspergiu o sangue que nos limpa do pecado. Seu sangue ” fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel”. O sangue de Abel clamou por julgamento, mas o sangue de Jesus clama por misericórdia.

Domingo

Então, de volta à nossa igreja local no próximo domingo. Quando você entra e a música começa, a quê você está prestando mais atenção? É ao conjunto de músicas? Aos músicos? À mesa de som? A banda de louvor te deixa extasiado? A rotina te entedia?

Ou você percebe algo além disso tudo?

Sua igreja é uma manifestação autêntica de todo o povo de Deus que neste instante está adorando diante do trono de Deus. Esta é a realidade da adoração dentro da nova aliança. E quando nós começamos a envolver nossas mentes ao redor disso, me vêm à mente milhares de razões para se alegrar, para louvar e cantar; e também para renunciar a irreverência, a auto-exposição, o egoísmo, a superficialidade, desleixo e descaso.

Diante do Deus que é um fogo consumidor, nós não fazemos as coisas de qualquer jeito. Nós não demandamos nossas preferências artísticas. Nós não “meramente nos reunimos aos nossos amigos”. Nós não somente cantamos juntos. Como o povo de Deus, nós entramos na própria presença de Deus. Encontrar Deus desta forma é a própria natureza da igreja. Por definição, ser igreja é reunir-se na presença de Deus e louvar a Deus juntos. E quando nós começamos a cantar, nós nos unimos à gloriosa adoração que está acontecendo incessantemente diante do trono de Deus.

Isto é verdadeiro independentemente de como nos sentimos, de quem lidera o louvor, de quais canções cantamos ou de nossa opinião sobre como foi o momento de louvor. Há algo realmente incrível acontecendo no domingo!

Seja a igreja e vá à igreja. Algo eterno está acontecendo ali. Não perca isso.



Tradução: Daniel TC no iPródigo
Fonte: Jeff Purswell em Sovereign Grace Pastors College
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