sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Santa Catarina é impactado pelo projeto missionário “Pés no Arado”

A Bíblia é conhecida no meio batista como a “regra de fé e prática”, por isso, atendendo a orientação de Marcos 16.15, onde Jesus diz: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”, cerca de 100 jovens, representando 13 estados brasileiros, pisaram em solo catarinense no período de 3 a 13 de janeiro para proclamar as boas novas da salvação. Os voluntários participaram do “Pés no Arado”, projeto missionário organizado pela Juventude Batista Brasileira (JBB), que este ano contou com a parceria da Convenção Batista Catarinense (CBC).

“Quando retornamos do Pés de 2013, havia um clamor para que o projeto ocorresse no Sul, mas não tínhamos nada confirmado ainda. Logo depois, quando chegamos ao Rio, recebemos o convite para levarmos o Pés para Santa Catarina e entendemos que era resposta de Deus. Então o levamos para o estado em parceria com a CBC, o que foi muito positivo”, declara Melina Santos, coordenadora do projeto.

O “Pés no Arado” é interdenominacional e destinado aos maiores de 18 anos. Cada ano acontece em um estado diferente e, em 2014, igrejas do Norte, Sul e Oeste Catarinense, assim como a grande Florianópolis, receberam as equipes, que em sua maioria eram compostas por cerca de 10 pessoas.

“A divisão da equipe é feita, em primeiro lugar, pelas habilidades e, também, na medida do possível, tentamos separar as pessoas da mesma igreja e região para que tenhamos uma diversidade dentro dos grupos”, explica Melina.

O tema deste ano foi “Pra Você Sorrir”, como forma apresentar Jesus Cristo como a verdadeira alegria. As estratégias propostas pelos voluntários são as mais variadas, vão desde o evangelismo pessoal ao abraço grátis, de gestos de bondade ao dia da beleza. Para participar não é obrigatório possuir nenhuma habilidade específica, todos são bem-vindos, desde que dispostos e com vontade de servir. Mesmo assim, para auxiliar os voluntários, os dois primeiros dias são destinados ao treinamento. Para 2014, a capacitação ocorreu no Acampamento Batista Catarinense (ABC) e o convidado a ministrar aos participantes foi o missionário Rodrigo Busin, que exemplificou a forma de abordagem utilizada pelo Ministério Caravana do Arrependimento.

“A abordagem direta é levar o evangelho de Cristo e ter o retorno mais rápido. No meu ministério tem sido a forma mais eficaz, mas não podemos generalizar”, afirma o missionário.

Muitos que já participaram em outra oportunidade do Pés no Arado ou outros projetos missionários já conheciam a estratégia, mas puderam se aprimorar. Já aqueles que não conheciam, viram-na como uma excelente ferramenta de evangelização, como contam os voluntários Rafael Mascarenhas e Abner Souza.

“Esse treinamento abriu um pouco mais o meu nível de conhecimento sobre a temática utilizada no Pés anterior. Pude relembrar o quanto essa abordagem é eficaz”, comenta Rafael.

“Essa é uma boa forma de complemento às ações que normalmente são realizadas na comunidade. Através desse tipo de evangelismo podemos demonstrar a motivação das nossas atitudes de atenção e amor ao próximo”, diz Abner.

A noite de abertura e o culto de comissionamento ou envio foi aberto a toda comunidade catarinense. Nas datas, ministraram o Pr. Silas Timóteo, da PIB em Balneário Camboriú/SC, e o missionário Rodrigo Busin, enviado da PIB de Cabo Frio/RJ. Os louvores ficaram a cargo das bandas da Juventude Batista de Florianópolis (Jubaf) e Rio Tavares.

“A abertura foi, na verdade, a reabertura dos nossos olhos e corações para a mensagem da cruz”, afirma o curitibano Natan Alves. “Pensar como Jesus nos chamou pela cruz e ter essa possibilidade de ir também pregar o evangelho foi muito importante para mim. Foi realmente um culto de chamada, foi como se fosse um aval para ir ao campo”, conclui Fabiane Guimarães, de 18 anos.

Após o culto de envio, os voluntários vão para os campos, que foram divididos em Campeche, Brusque, Barra do Sul, Ribeirão da Ilha, Joinville, Forquilhinhas, Rio Tavares, Jardim Atlântico, Vila Nova e Braço do Norte. De acordo com o Pr. Jossemar de Oliveira, secretário da Convenção Batista Catarinense, Santa Catarina é um dos estados de menor expressão do evangelho. São seis milhões de habitantes e 14 mil batistas, onde a maioria se concentra no litoral catarinense.

“São 86 igrejas batistas, 50 congregações e 20 frentes missionárias. No total, há 156 trabalhos batistas em todo o estado. Desses, 64 unidades possuem menos de 30 membros e 33 com cerca de 100. Sendo que 40% das igrejas não possuem condições de se manter”, declara o pastor Jossemar.

Cada grupo, através da realidade dos locais para o qual foi enviado, pode vivenciar novas experiências, como é o caso de quem ficou em Forquilhinhas e Rio Tavares. Essa, que foi a maior equipe do projeto este ano, contou com 16 voluntários, incluindo a líder Vivian Fafá, que falou um pouco sobre as particularidades dos campos em que atuaram.

“São duas igrejas com realidades completamente diferentes. Tivemos que nos organizar de forma com que pudéssemos atender os dois locais com qualidade. Em um dos bairros as pessoas são mais receptivas à palavra, já no outro, por ser um bairro onde o fluxo de turistas é grande, acaba sendo mais dificultoso o trabalho”, apontou a capixaba.

Dotado desse mesmo pensamento, o voluntário de primeira viagem, Arthur Martins, de 30 anos, comenta o quanto é desafiador realizar as ações ao lado de outras 15 pessoas, de seis estados diferentes: “O principal desafio é saber trabalhar em equipe e entrar em consenso com todos. O fato de ser um grupo grande dificulta um pouco por esse ser também um processo de conhecimento”, diz. O paranaense Alisson Nascimento, de 24 anos, também comenta a questão do relacionamento entre os componentes da equipe:

“A união do grupo como família me impactou bastante. Mesmo com diferentes personalidades, conseguimos encontrar um equilíbrio onde cada um, de acordo com o seu dom, pode ser útil na obra”, cita o jovem.
Se de um lado é desafiador conhecer e conviver em forma de família com pessoas antes desconhecidas, por outro, o desafio e responsabilidade é criar relacionamentos com os membros das igrejas que receberam os grupos, assim como com os moradores dos bairros selecionados, como ressalta Marco Antônio Silveira, que fez parte da equipe de Ribeirão da Ilha.

“Em tudo o que fizemos buscamos deixar as pessoas bastante a vontade, para que tudo acontecesse de forma espontânea. Uma das principais ferramentas nossas foi o ouvir. Muitos precisam desabafar e isso tem sido muito positivo”, complementa Marco Antônio.

Na liderança, o sentimento de unidade não foi diferente, principalmente para aqueles que foram líderes em parceria com outro. Teve líder novato, veterano, pego de surpresa, mas em todos eles havia algo em comum: o chamado. “Sem dúvidas é uma grande experiência. Sei que Deus é quem escolhe e capacita. Se fosse por mim mesma, eu não aceitaria, mas há algum tempo eu disse para Deus: “eis-me aqui” e Deus então me presenteou com essa oportunidade”, exemplifica Thaiz Nascimento, que liderou a equipe de Joinville junto com Lisandra Soares.

É esse chamado também que motiva as pessoas a saírem do conforto e da comodidade de seus lares e igrejas para dedicar suas vidas em prol do outro e do reino de Deus. A gaúcha Lúcia Wilgen é um desses exemplos. Ela está à frente da congregação do Balneário Barra do Sul há um ano, depois de uma reviravolta que Deus fez em sua vida, como conta.

“Eu era freira e hoje estou aqui à frente da congregação. O campo aqui está muito aberto devido o bom relacionamento que tenho com as autoridades locais”, conta. Vocação essa que também que se estendeu à missionária Andrea Cardoso, que atua em Vila Nova.

“Frequentávamos a igreja mãe e nos pediram para auxiliar na congregação, mas aí o pastor saiu e nós continuamos cuidando da unidade. Deus já tinha, inclusive me falado isso em sonho, mas muitas vezes eu desanimei, fiquei triste por não saber como lidar com determinadas situações, por não ter informações de base teológica e nem recursos. Tudo o que temos feito é porque temos a consciência de que foi o Senhor que nos chamou para estarmos aqui”, diz a missionária.

A Bíblia diz em I Coríntios 9.16: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” É por entender isso que a carioca Lidiane Ferreira, de 26 anos, não se intimida diante das circunstâncias, como comenta.

“Não me preocupo em ser surda, pois sei que Deus tem um ministério para mim. Sei que existem muitos surdos no campo e também em outros lugares. Eu estou amando o projeto; o Pés tem mudado minha vida”, concluiu a pedagoga Lidiane Ferreira.

Buscando atender a esse ide de Cristo, em todos os dias em que os voluntários estiveram em Santa Catarina a presença de Deus pode ser notada de muitas formas. Não somente dentro das igrejas, mas nas ruas, praças, e até em eventos municipais, como a Marcha Para Jesus, que aconteceu em Barra do Sul. Em algumas localidades nem todas as ações propostas inicialmente puderam ser realizadas, mas o Senhor sempre se fazia presente trazendo a direção do que deveria ser feito, como fala o líder da equipe de Braço do Norte, Ronan Lima:

“Foi muito diferente porque todas as estratégias propostas não eram coerentes com a realidade local. Tivemos que mudar muitas coisas na hora, o que me fez entender que não existe um formato pronto, um manual. As coisas precisam ser flexíveis e precisamos estar atentos à voz de Deus para entender o que Ele deseja fazer”, explica Ronan.

Os missionários se despediram do estado no dia 13, com a celebração do Culto da Vitória, onde cada equipe apresentou através de vídeos, música, dança, um pouco do que foi realizado nos campos. Alguns membros das igrejas que receberam os voluntários também compareceram. Para o pastor da juventude do Campeche, Pr. Leonardo Amorim, “O Pés no Arado foi nitidamente resposta de oração das igrejas que se importam com a evangelização de pessoas”. O diretor de Missões da CBC, Pr. Fernando Coelho, observa que o despertamento nas igrejas batistas de Santa Catarina já começou.

“Até antes de ter começado o projeto, propriamente dito, as igrejas já estavam impactadas, principalmente aquelas que receberiam as equipes. E no decorrer do trabalho, através dos testemunhos, dos pastores envolvidos e membros das igrejas e congregações, podemos notar que está havendo um grande despertamento em Santa Catarina em relação ao evangelismo”, constata. Agora, a responsabilidade daqueles que de alguma maneira cooperaram com o projeto, é despertar outros para a missão, como enfatiza o Pr. Jossemar de Oliveira:

“O que mais precisamos agora é impactar as igrejas para que levantem missionários e os enviem para o campo”, declara o pastor.





Fonte: Convenção Batista Brasileira
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